Passagem de bastão: como preparar os sucessores?
Por Fernando De Cesare Kolya
Os sucessores são aqueles que darão sequência à gestão do negócio, podem ser parte da família, mas nada impede que sejam de fora do círculo familiar. Neste caso, é importante se atentar para o fato de que em negócios familiares, o vínculo de confiança estabelecido com a família é muito importante. Outro desafio é criar legitimidade dentro da família para se tornar sucessor. Às vezes a família tem o vínculo de confiança, mas que não é suficiente para legitimar a candidatura de um sucessor. O processo de construir legitimidade é circular, exige trabalho dentro do negócio para mostrar que é capaz de dar continuidade ao legado da família, e pouco a pouco a legitimidade é construída.
Como gestor, há naturalmente a necessidade de se desenvolver habilidades técnicas e de gestão e é preciso aprofundar a compreensão das diferentes áreas do negócio, sobre liderança, relacionamento com clientes, fornecedores e colaboradores. Para acelerar esse processo é possível promover programas internos para o desenvolvimento do futuro gestor do grupo com a criação de um programa de “trainee” especifico para a formação de sucessores.
Durante o estágio inicial, o candidato deve assumir atividades bastante triviais, para testar suas competências e desempenho como gestor. Paralelamente a isto, o candidato deve fortalecer seu trânsito na família, com atividades de integração com o objetivo de fortalecer os vínculos de confiança e legitimidade.
Vencido o estágio inicial, que pode durar de alguns meses a até alguns anos, o próximo passo:
- de consolidação do potencial sucessor, com a ocupação de algum cargo de liderança, mas não ainda como o executivo principal. A passagem definitiva para o cargo de principal gestor deve ser muito bem avaliada, é preciso tomar cuidado para não “queimar o herdeiro” com sua ascensão antes da hora.
Algumas famílias optam por estimular os potenciais sucessores a empreender em novos negócios ou a desenvolver projetos novos dentro dos negócios da família. Isto cria um aprendizado muito importante para o sucessor e em algumas vezes, um novo negócio para a família. Neste caso, o negócio da família vira uma incubadora para outros negócios, mantém o “capital humano” da família dentro do grupo e cria ambiente de oportunidades e inovação.
Existem aspectos importantes dos negócios que não se apreende em sala de aula, com treinamentos ou conversas. A vivência neste caso é a chave para o sucesso de um sucessor. O processo de passagem de bastão é repleto de emoção, e como na corrida, quem dá continuidade precisa durante algum tempo correr próximo a quem está nas passadas finais. Passagens bruscas aumentam o risco de deixar o bastão cair.